Desde 1996, a Microsoft vem produzindo sistemas operacionais para pequenos computadores de bolso. Era um negócio solitário, até que a eterna rival da empresa, a Apple, lançar o iPhone, seu celular capaz de tocar música e navegar na web.
E justo agora que os celulares inteligentes estão se tornando populares, o sistema operacional da Microsoft, o Windows Mobile, parece estar ficando de lado.
Mais fabricantes de celulares estão optando pelo Android, o sistema operacional aberto desenvolvido pela mais recente dos grandes rivais da Microsoft, o Google.
Os fabricantes de celulares que usavam o Windows Mobile para os seus celulares inteligentes mais caros, entre os quais Samsung, LG, Kyocera e Sony Ericsson - agora também produzem modelos equipados com o Android.
Neste ano, 12 modelos foram lançados, e a expectativa é de que dezenas de novos modelos cheguem no ano que vem. A Motorola eliminou completamente o Windows Mobile de sua linha, e ficou com o Android.
A HTC, uma grande fabricante de celulares, antecipa que metade dos aparelhos que venderá este ano estejam equipados com o Android. A Dell está usando o Android em seu primeiro modelo de celular.
Todas as quatro grandes operadoras americanas de telefonia móvel fecharam contratos para distribuir celulares equipados com o Android.
Quando o primeiro modelo Android, o G1, da HTC, foi lançado, no ano passado, só a T-Mobile o colocou à venda. Agora, a Verizon, a última das operadoras a assinar para o uso do novo sistema, está criando uma grande campanha de promoção para o Droid, da Motorola, que deve ser lançado, com o Android, esta semana.
Até mesmo a AT&T, a operadora exclusiva do iPhone nos Estados Unidos, anunciou que aderiria à festa do Android, no ano que vem.
O Google está atualizando rapidamente o sistema operacional Android. A versão 1.5 (cupcake) saiu em abril; a 1.6 (donut) saiu em setembro. A versão 2.0 (eclair) deve ser lançada com o Droid.
"Muitos fabricantes nos procuram e falam sobre a importância que o Android vem adquirindo para eles", disse Cole Brodman, o vice-presidente de desenvolvimento da T-Mobile, a primeira operadora a vender celulares com o software do Google.
"O Android está acelerando, com mais fabricantes e uma maior variedade de preços. Seu impacto será bastante significativo", afirmou.
O Android equipa apenas 1,8% dos celulares mundiais, de acordo com o grupo de pesquisa Gartner, e o Windows Mobile ainda tem presença muito superior ao rival. Mas a participação do Windows está em queda. A porcentagem de celulares inteligentes que usam o Windows Mobile caiu a 9,3%, ante 12% no segundo trimestre de 2008.
A Microsoft agora está atrás da Apple, que saltou dos 2,8% para os 13,3%. (O sistema operacional Symbian, da Nokia, é o líder mundial, seguido pelo sistema operacional da Research in Motion para o BlackBerry.)
Há quem continue duvidando do Android. "O setor decidiu que o Android será um grande sucesso, mas continuo cético", disse Tero Kuittinen, analista da MKM Partners.
"Para perdurar, é preciso um grande sucesso, e os três primeiros modelos Android não conquistaram o mercado de massa", disse.
Mesmo assim, o Android é gratuito, enquanto o Windows Mobile custa entre US$ 15 e US$ 25 por aparelho ao fabricante.
O software do Google foi concebido para modernas telas de toque, acionadas com o dedo, enquanto o Windows Mobile requer uma caneta especial.
O Android atraiu muito mais aplicativos de consumo em seu primeiro ano do que o Windows Mobile em uma década. Com isso, o Android está conquistando as grandes fabricantes de celulares.
Parte do apelo é que, ao contrário de outros sistemas operacionais, o Android é um software de fonte aberta, de modo que qualquer um pode usá-lo e alterá-lo.
"Temos acesso ao código fonte", disse Sanjay Jha, co-presidente executivo da Motorola. "Isso seria difícil em qualquer outra plataforma".
A HTC, fabricante taiuanesa de celulares que cresceu rapidamente nos últimos anos fabricando apenas modelos equipados com o Windows Mobile, considera que as possibilidades de personalização são essenciais.
Os celulares Android permitem que os usuários acrescentem aplicativos. "Os consumidores estão realmente interessados em personalização, e o Android destaca esse aspecto", disse Jason Mackenzie, vice-presidente da HTC para a América do Norte.
O Windows Mobile, em contraste, atrai mais os gerentes de informática de empresas, que gostam de seus recursos de conexão com os programas de e-mail e escritório da Microsoft.
"Um ano atrás, mudamos significativamente a nossa estratégia", disse Andrew Lees, vice-presidente sênior da Microsoft que comanda o Windows Mobile. "Nossa proposta é de que o usuário pode combinar uso profissional e pessoal no celular, e de forma relevante".
Mas o software da empresa está desatualizado, e ela ainda não anunciou a data de lançamento para a nova versão, o Windows Mobile 7.
Até agora, a companhia não conseguiu responder às críticas de que seu sistema é lento, velho e difícil de usar.
"O Windows Mobile é datado, e isso não mudou na última atualização", disse Avi Greengart, diretor de pesquisa de bens eletrônicos de consumo na Current Analysis.
Tradução: Paulo Migliacci ME
The New York Times / Terra