Em uma entrevista dada durante a Web 2.0 Expo 2010, em San Francisco (Estados Unidos), Kevin Lynch, CTO da Adobe, falou por um bom tempo a respeito de HTML5 e Flash, dois aspectos do desenvolvimento de conteúdos e aplicativos para web que estão em conflito no momento. O executivo tentou deixar claro que a empresa não está estimulando uma adoção explícita de apenas uma dessas duas tecnologias, mantendo o ideal de que oferecer ferramentas para criação em qualquer lugar continua sendo uma missão dela.
"Não se trata de HTML5 vs. Flash. Eles são mutualmente benéficos", disse Lynch, que trabalha com o plugin desde os seus primórdios, mas também colaborou muito na criação do Dreamweaver (ambiente de desenvolvimento de sites), ainda sob o comando da Macromedia. Com o futuro dos padrões do W3C, a Adobe espera criar as melhores ferramentas para quem quiser trabalhar com eles, da mesma que o Flash vem sendo aprimorado para lidar com desenvolvimento em múltiplas plataformas.
Por não possuir interesse em servir um sistema que suporte aplicativos criados com as ferramentas em Flash da Adobe, a Apple é citada por Lynch como uma empresa que quer definir apenas políticas, e não ajudar na evolução de tecnologias que podem estar disponíveis em uma enorme variedade de aparelhos. "O problema tecnológico que a Apple possui conosco não é o fato de o Flash não funcionar, e sim o fato de ele funcionar. Você pode criar um aplicativo que funciona bem em múltiplos sistemas operacionais, e eles não gostam disso", comentou.
Por trabalhar em uma enorme variedade de aplicativos para mercados que vão além do Flash, Lynch não dá a impressão de que vai esquentar uma rivalidade com a Apple, mas acredita que os acontecimentos recentes entre as duas empresas criaram um cenário na web similar ao do início da computação pessoal, na década de 1980. Citando o fatídico comercial 1984, do Macintosh, há de se questionar quem se tornou o "Big Brother" do novo século: seria a Apple, com o domínio de uma fração dos mercados de computadores e smartphones, ou a Adobe, querendo se infiltrar na distribuição de softwares para todo o resto?